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A VENERÁVEL PERSONALIDADE DO MESTRE PAPUS - PARTE III

A VENERÁVEL PERSONALIDADE DO MESTRE PAPUS - PARTE III

Reproduzida a partir de "LE MAITRE PHILIPPE, DE LYON" - ÉDITIONS TRADITIONNELLES

Terceira parte da biografia publicada pelo 2º Patriarca Expectante, Sri Sevãnanda Swami, quando ainda assinava Jehel, S.I.

Neste terceiro (e último) artigo, continuarei expondo o que, já no anterior, me atrevi a denominar de “As Ideias de Papus”, ideias sobre os assuntos mais diversos, mas todos intimamente ligados à construção do Caminho.

• Aquele que se isola, que se separa de seus irmãos, é realmente digno de lástima, porque não tem a oportunidade de ser útil. Pode-se estar em plena atividade coletiva ou mais distanciado do alvoroço da civilização, mas é sempre preciso encontrar uma forma de DAR, DAR e DAR tudo o que for possível, a nossos semelhantes.

• Só tem direito de isolar-se por completo, fisicamente falando, e de cortar totalmente todo laço visível com o mundo exterior, aquele que já chegou, PORQUE SERVIU MAIS, a esse Silêncio Ativo, e cujo coração está aberto a todos, e cujo olhar está sobre todos que, mesmo distantes, recebem sua ajuda e sentem sua ação.

• Entre aquele que ainda precisa frequentar a rua e o Mestre Silencioso do deserto há uma infinidade de matizes, uma hierarquia multiforme de possibilidades, de deveres e de poderes. Por isso, a igualdade absoluta é um sonho ou, melhor dizendo, um absurdo antinatural.

• A igualdade verdadeira é esta: cada um tem a obrigação de fazer tudo o que realmente pode fazer pelos outros. E cada esquecimento, cada má-vontade, cada evasiva, gera, automaticamente, uma nova prova – mais dura e de caráter mais determinante.
 

As ideias do Mestre Papus sobre outros temas são também muito claras e aparecem em todas as suas obras sem contradições, sem vacilações. Sente-se sempre uma plena convicção, nascida da experiência.

• A maior lei do Universo é a Analogia. Não apenas tudo está em todos e todos são um, em essência, como também as múltiplas aparências de formas e manifestações se regem por leis análogas, de plano a plano, de estado a estado ou de época a época.

• O método da Natureza é constantemente idêntico, seguindo a lei do menor esforço, a lei do ternário, na construção, do quaternário, na aplicação e modificação das alternâncias, ou seja, o dualismo na aplicação das forças que sempre são, elas mesmas, alternadas na Natureza.

• É por isso que o Iiniciado – que é Quaternário, em sua existência, Ternário em sua essência e dual em sua ação – é um Nonário a serviço de uma Unidade, enquanto procura identificar-se a seu Senhor e a sua origem.

• Tudo isso, pela maravilha de uma coisa só!

 

É claro que para expressar as ideias de Papus sobre todos os temas a que chamamos de "ocultos" teríamos que escrever tudo de novo, plagiando suas obras, como muitos fizeram sem nem sequer citar a fonte.  Não é a isso que me proponho – mas antes de mudar de assunto, convém repassar um tema muito importante.

Papus foi quem ousou dizer claramente o mais importante sentido das quatro letras do nome quaternário Iod-He-Vau-He e mostrar, principalmente:

1. Que este nome divino representava, nos grandes santuários, entre outras coisas, as quatro ordens de conhecimento, que o verdadeiro iniciado deveria possuir:

• Conhecimento da Natureza................................................................................................................ 2º HE

• Conhecimento do Homem (do visível e do interno)........................................................................... VAU

• Conhecimento dos agentes e das Leis da Criação (mundo Super-humano e extra-zodiacal).......... 1º HE

• Conhecimento da verdadeira luz, ou seja, da essência divina em sua manifestação primordial....... IOD

2. A consequência dessa maneira de ver as coisas nos templos da verdadeira iniciação era a produção de quatro classes de grandes iniciados e qualquer um deles poderia provar que o era pela prática que faziam de tudo o que estava incluído em suas iniciações. É por isso que Papus sorri com um bom humor tolerante, divertido, quando se refere, em suas obras, a “essa gente boa que pensa que ter no bolso o livro de um grande ocultista ou o recibo da mensalidade de uma sociedade de divulgação é ser um iniciado”.

3. Também resultava dessa sua convicção a certeza de que somente nos libertaremos desta existência Elemental quando percorrermos conscientemente as quatro etapas intelectual, moral e espiritual, fazendo sua síntese prática, ou seja, vivendo de acordo com elas.

4. Por isso, o caminho iniciático é ativo, positivo, voluntário e consciente. Quer dizer, é solar como polarização – e suas formas passivas e receptivas são apenas uma parte, geralmente da fase preparatória.


Para justificar essa afirmação, basta observar que todos aqueles a quem veneramos como Mestres são seres que, por seu sacrifício e preparação, possuem, cada vez mais, esse Caminho Ativo.

1. Papus afirmava que, em matéria de reencarnação, tudo é individual, seja no que se refere à duração da vida na Terra (ou em outros planetas), ou à duração da vida no espaço entre uma e outra existência corporal.

2. Papus afirma, de acordo com as iniciações que possuía, que, depois de cada vida corporal, cada ser tinha, à medida da consciência adquirida, o direito de  escolher a dedicação de seu próprio progresso a uma causa coletiva ou a outro ser.

3. No fundo, isso confirma que, realmente, quem está em cima é igual a quem está embaixo – e isso porque, neste vale de realizações, a que algumas pessoas tristes e covardes chamam de vale de lágrimas, vemos a mesma coisa, seres que, conforme seu maior ou menor grau de consciência, preferem:

a. Ocupar-se principalmente de si mesmos.
b. Ocupar-se mais – e menos egoisticamente – de outro ser ou seres íntimos.
c. Dedicar-se a todos os seres em geral, ou seja, a causas coletivas.

4. O equilíbrio do Iniciado, síntese de tudo isso, é, portanto, aquele que as iniciações do Ocidente e do Oriente sempre preconizaram:

a. Cuida de ti mesmo para ser saudável, forte, puro e belo.
b. Cuida de quem te rodeia para que cumpra suas obrigações e aprenda, ainda pequeno, o que terá de fazer ao se tornar adulto.
c. Dedica aos outros, sem escolher família, casta, seita, nação ou raça, tudo o que recebeste, para voltar a dá-lo.
d. Se fizeres tudo isso, como Ele faz, quer dizer, naturalmente, sem interesse nem pressa, mas de forma constante, sem pausa, já não serás apenas tu, mas com Ele, e em comunicação íntima, em transubstanciação verdadeira, pelo espírito que orienta e pelo corpo que serve, enquanto a alma se torna cada vez mais um luminoso mensageiro entre teu espírito e teu corpo.


Em resumo, Papus colocava sempre em evidência a doutrina sintética, hermética, sobre a alma humana – o que ninguém pode expressar melhor que o cabalista Wronski (morto pela fome, nos arredores de Paris), quando disse:

A alma é uma criação do homem, que oferece continuamente à Eternidade, o flanco que está sob sua responsabilidade. Falando claramente, quem sabe demais:  a cada nascimento, trazemos, seguramente, um espírito – ou centelha, chispa, microverbo ou microprósopo da Cabala – e recebemos um corpo, instrumento de expressão e de experiência.

Trazemos também a semente de uma alma, síntese potencial de tudo aquilo que foi cultivado por nós (pensamentos, palavras, ações) e, coisa grave, gravíssima, temos a mais ampla, total e absoluta liberdade de construir, com isso, a nova alma, a partir de pensamentos, palavras e ações em que acreditamos conscientemente ou que nos sejam sugeridas por fatos ou circunstâncias que o Destino ou a Providência nos oferecem no decorrer da existência.

A existência é, portanto, um tempo e um espaço que nos são oferecidos onde, como um haver ou ter determinados, podemos ser o que queiramos. Por isso, as Sagradas Escrituras falam do Corpo de Glória (São Paulo) e dizem que nossa missão é fazê-lo durante a vida terrestre.

Por isso, também, as obras dos Mestres falam tanto da Alma, que é o instrumento da consciência, o ser que devemos restituir à sua função mais elevada, que exercia inconscientemente no princípio de nossa evolução e que deverá ser exercida conscientemente ao final de nossa evolução.


E isso acontece tanto no geral e total, como no particular e parcial. Cada etapa, cada ato, cada gesto nos leva a vivê-la involuntária e inconscientemente primeiro, para que depois, recebida a sensação, o sentimento, o conhecimento etc., possamos reiterá-la em plena consciência e desinteresse.

Isso é a vida. Isso é Iniciação!

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