Por Jehel, S:: I::, que mais tarde passou a assinar Sri Sevãnanda Swami, 2º Patriarca Expectante
(Extraído de LA INICIACIÓN, nº 4, Ano I, agosto de 1942, publicação mensal do Grupo Independente de Estudos Esotéricos, Montevidéu)
Eu já me referi a vocês, queridos irmãos e leitores, na edição anterior de LA INICIACIÓN, algo sobre a Venerável Personalidade do Mestre AMO, o "Mestre" de Papus e muitos de seus continuadores.
No artigo de hoje, quero adicionar alguns detalhes para que você possa sentir melhor o Mestre, CONHECENDO-O mais.
Eu havia dito que o Mestre AMO era o chefe da Escola Teúrgica de Lyon, e mencionei algumas curas feitas por Ele. Contarei agora o que se passou naquela época da Corte da Rússia, quando Papus colocou o Mestre em contato com o czar e a imperatriz.
Marcadamente, o czar Nicolau II tinha inclinação para o misticismo. Não tinha filho homem – a imperatriz lhe havia dado apenas filhas – então fez trazer de Viena um professor, Dr. Schrenk, que dizia poder remediar isso. Porém, apesar de um regime muito severo, a Imperatriz teve, novamente, uma filha. O padre Juan de Cronstadt, célebre monge russo que fazia lindas curas pela oração e pela imposição das mãos, também foi chamado e não foi mais feliz que o Dr. Schrenk.
Papus, já famoso na Rússia, deu palestras, realizou trabalhos místicos na Corte e citou Seu Mestre Espiritual na frente das mais altas personagens da Corte. Em seguida, o Grão-duque Wladimir foi expressamente a Lyon e conseguiu que o Mestre AMO fosse à Corte da Rússia, em 1900. A esposa do Grão-Duque Nicolás, Duquesa de Leuchtenberg, apresentou-O à imperatriz, que se interessou muito por toda a via mística recomendada e ensinada pelo Mestre AMO.
Philippe declarou que a imperatriz teria desta vez um filho e, como aconteceu assim, o prestígio do Mestre aumentou notavelmente. O czar até lhe concedeu o grau de General de Divisão, com direito a usar o uniforme (o que deve ter feito sorrir o Mestre...).
Mas, mais interessante que essa graduação, ao Mestre foi concedido o direito de entrar nos aposentos do czar e da czarina a qualquer hora, sem nem mesmo se fazer anunciar, muito raro e notável honra em tal Corte, onde a toda-poderosa etiqueta era inexorável.
A czarina, não podendo conceber que um Ser dotado de semelhantes poderes não fosse portador de um título, fez com que concedessem a Philippe, pela Universidade de Moscou, o título de Doutor em Medicina. Mas, como esse título não lhe permitia exercer a medicina na França, a própria Imperatriz pediu providências ao embaixador francês para que a equivalência fosse reconhecida pelo Governo Francês, que, fiel à rotina característica daquele tempo, recusou.
Era tal o afeto e respeito da czarina pelo Mestre, que ela não não se deu por vencida. Quando mais tarde os soberanos russos foram recebidos na França, em Complègne, uma noite, depois de um banquete oficial, a imperatriz falou reservadamente com Waldeck-Rousseau, então presidente do Conselho, e pediu-lhe para que obtivesse o diploma de doutor para o Mestre Philippe.
O presidente do Conselho se viu em uma situação bastante delicada e explicou que na França tal coisa não era possível sem exames etc.
A czarina insistiu, dizendo que talvez o presidente da República pudesse fazer algo em tal sentido. Waldeck-Rousseau afirmou que apenas um "comitê de grandes médicos" poderia influir, e ainda assim exigindo exames clássicos.
“O Mestre AMO é, contudo, um médico muito grande”, respondeu a czarina, que deixou secamente o presidente do Conselho bastante aturdido.
Durante alguns anos o Mestre AMO seguiu sendo o principal conselheiro do czar, e é devido à Sua influência o projeto do czar para buscar estabelecer entre os homens o reino da paz para o desarmamento universal.
Ajudado pelo Rei da Dinamarca e pelos grandes duques, o Mestre AMO introduziu na Corte a doutrina Martinista e ocultista.
Foi fundada uma Loja Martinista secreta no próprio Palácio Imperial. O czar era o presidente. Os membros diretivos (Superiores Incógnitos) foram eleitos entre os grandes duques e os conselheiros do Império. Se faziam frequentes Sessões de evocações e místicas, dirigidas pelo Mestre AMO.
Frequentemente se invocava ao pai do czar, ao ex-imperador Alexandre III, e este fazia seu filho prometer manter intacto, apesar de tudo, a aliança franco-russa. Nesse sentido, o papel do Mestre AMO foi muito importante, já que a isso se deve, em grande parte, que o czar Nicolau II se tenha mantido longe da influência germânica, já crescente, naquele então, na Corte Russa.
A Imperatriz teve sempre grande veneração pelo Mestre, e quando Ele já tinha regressado a Lyon, ela ainda Lhe deu de presente um esplêndido automóvel, coisa "muito magnífica" naquela época.
O Mestre AMO, este querido e venerável Ser, ao qual nunca se invoca em vão quando se o faz de forma profunda, sincera e desinteressada, teve uma vida cheia de fatos extraordinários e a partir dos quais podemos retirar ensinamentos, como o que relatarei agora:
Uma vez, naquele gabinete da Rua Cabeça de Ouro (queiram anotar o nome da rua), no qual sempre havia muita gente à procura de ensinamentos ou ajuda, chegou um senhor, bem “metido” e arrogante, que perguntou aos presentes se ali "vivia o Sr. Nizier (nome civil do Mestre AMO). A pergunta foi feita em um tom tão pouco respeitoso que alguém perguntou ao recém-chegado se ele tinha vindo consultar o Mestre por motivo de alguma enfermidade pessoal.
“Não”, respondeu o visitante, “não creio em tais infantilidades; venho pedir nada mais que uma informação para um terceiro; Eu não preciso de fantasias”.
Nesse instante, surge o Mestre AMO de Seu cômodo reservado e, dirigindo-se imediatamente ao recém-chegado, pede-lhe que entre, o que causou estranheza a todos, porque era uma "honra" muito rara ser recebido ali. Papus mais tarde relatou que se passou o seguinte naquela salinha.
O Mestre fitou o insolente e lhe perguntou: “Você se lembra, senhor incrédulo, o que fazia em uma sexta-feira, em tal data de tal mês e ano, às três horas da tarde? Eu vou lhe dizer: VOCÊ ESTRANGULAVA A UMA MULHER. Ninguém viu você. No entanto, a polícia vai descobrir e vai procurá-lo; porém, se você cair agora mesmo de joelhos, e pedir PERDÃO AO CÉU para o que fez, não o encontrará”.
O "descrente" se estatelou no chão. E evitou a prisão, reconheceu o remorso e adquiriu a fé. Essa é uma das mais belas CURAS MORAIS E ESPIRITUAIS que conhecemos do Mestre AMO.
Poderia contar dezenas de casos como este, mas para quê?
Para ser discípulo do Mestre AMO não é preciso conhecer Suas curas POR CURIOSIDADE; basta compreender Sua essência, a base e a direção de Sua ação: bondade, tolerância, verdade e dedicação ao próximo.
Meditem sobre Suas ações, Sua figura e, especialmente, sobre Seu nome:
AMO: Lugar sagrado do Vale dos Essênios, dos místicos "curadores" entre os quais foi iniciado o Mestre Jesus.
AMO: cujas três letras significam, cabalisticamente, o Princípio Divino e Humano, pelo Sacrifício e pela Morte em direção ao AMOR que é a Vida.
AMO: Indicativo eternamente PRESENTE do verbo Amar.
Verbo de Amor eternamente em ação Presente.
Amor eternamente em ação.
AMOR, única Ação Eterna.
A M O