Por Thoth, 3º Patriarca Expectante
O mar estava proceloso, uma ressaca forte fazia com que grandes ondas espocassem de encontro aos rochedos, elevando altas colunas de água espumarada e provocando estrondos ensurdecedores. O vento do quadrante Sul zunia forte, aumentando dessa forma o quadro demonstrativo dos elementos da natureza em fúria.
Eu contemplava embevecido aquela "pequena" explosão de potência que os elementos expunham. Meu raciocínio, sempre ávido pelas lições que a natureza e a vida me proporcionam, me levou a sérias cogitações numa velocidade vertiginosa de pensamentos ignotos, sem uma predeterminada sequência. Assim, tive a oportunidade de passar por vários prismas de análise. E o primeiro lampejo prismático se me apresentou através de um conhecido refrão: "Quando o mar está de ressaca, quem sofre são os mariscos". Isso me levou a compreender que, na luta pela sobrevivência dentro de uma pretensa sociedade, quando os grandes se movimentam através dos seus interesses, quando eles se desentendem, quem sofre são os pobres. O "Zé povo". E eles se sentem como náufragos, se debatendo na tempestade das leis sociais que, por incrível que pareça, são formuladas como se fossem generalizadas, mas só os pequenos, só a raia miúda, ou seja, só os mariscos da vida é que enfrentam a procela dos gananciosos, dos poderosos, que mais parecem ser um fatal rolo compressor massacrando aqueles que estão em níveis menores, inferiores.
Não estou aqui pretendendo dissecar a estrutura social em que vive a humanidade. Não. Não tenho a pretensão e nem me arvorei em ser um analista social. Mas estou deixando extravasar o curso das cogitações as quais me levaram a procela marítima que estava observando. E que me conduziu à compreensão de que assim é como caminha a humanidade desde que ela começou a ser formada. E assim continuará caminhando enquanto não houver uma total modificação na estrutura interna de cada ser humano!
E o prisma continua funcionando!...
A tormenta interna que existe em cada ser humano é um emaranhado tão intrincado que se torna quase impossível encontrar a ponta do fio da meada. Eu disse "quase impossível", deixando assim uma porta aberta aos que estão desejosos de buscar, de lutar, sim, porque em tudo sempre existe uma possibilidade, uma chance, um jeito para se resolver os problemas, quer sejam POSITIVOS ou NEGATIVOS, tanto no campo material como no Espiritual. Problemas? Quem não os tem? Pois a vida é um problema permanente a ser solucionado. E um dos maiores problemas é o indivíduo achar que só o dele é que é o MAIOR, o mais doloroso, o pior! Realmente, quando se está neste diapasão, tudo se torna obscuro, aparentemente mais negro, tétrico! Porém, isso não é uma total verdade, mas, sim, é uma entrega pessoal de autocompaixão, levando o ser na maioria dos casos ao desvario, à mais triste das lamúrias, chegando muitas vezes ao estado de exercer chantagens emocionais.
Se, no entanto, o ser em questão procurar lutar contra sua tormenta interna, eu garanto que uma grande porcentagem do desespero que está sentindo irá arrefecer, diminuir ao ponto de poder enxergar uma luz no fim do túnel e as coisas serão solucionadas de alguma forma.
Cada criatura humana tem dentro de si – guardando as devidas proporções – um verdadeiro potencial, em estado latente, de todos os sentimentos, de todos os pensamentos nefastos e também, ao mesmo tempo, altruísticos, porque tudo isso faz parte da vida humana, razão pela qual acho que jamais devemos julgar nosso próximo dizendo: "Eu não seria capaz de fazer isso ou aquilo". Sim, naquele momento talvez esteja sendo sincero, porque a pessoa não está passando o que o outro vive naquele instante. Mas, se dermos uma bofetada, injuriarmos, maltratarmos ou roubarmos alguém, acho que de imediato essa pessoa revidará usando a pena de Talião, originária da Legislação Mosaica: "Olho por olho, dente por dente", postergando o sublime ensinamento de Jesus-O-Cristo, que diz: "Perdoai e sereis perdoados", o que modifica dessa forma o ensinamento de Moisés, cujo, estimula de certa maneira a vingança como pagamento feito pelo mal praticado. Continuando, ainda, o ensinamento do Senhor Jesus: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo", Marcos 12:31. É a Lei do AMOR.
A tempestade interna de cada ser é o seu campo de batalha, no qual só o indivíduo DEVE ser o vencedor. Caso contrário, estará sujeito a cair fragorosamente nas malhas das Forças NEGATIVAS, tornando-se possivelmente um assecla obstinado das forças do mal. Contudo, se deve saber que, em se tratando das qualidades pertinentes ao ser humano, não há o mal totalmente mal, nem o bom totalmente bom, a não ser aqueles bons que ultrapassaram a faixa do normal, ou seja, já se tornaram Obreiros da Vida Eterna, fazendo parte do Departamento da Construtividade Divina.
Observando ainda um pouco mais a lente prismática, se me apresentou o quadro daqueles que estão arraigados dento dos seus próprios princípios, formando desta maneira os seus condicionamentos, seus tabus, os quais lhes proporcionam uma vida bitolada em seus conceitos, vivendo de tal forma que não se dão conta de estar entregues, submissos à destruidora ROTINA, não tendo por isso o desejo de mudar o seu Interior, com receio, medo de que o desconhecido possa ser prejudicial as suas concepções. No entanto, existe sempre a necessidade, quer seja premente ou não, de toda criatura se modificar, se transformar, porque isto está no mais profundo de cada alma, pois ela tem o DEVER de evoluir e esta evolução TEM que ser efetuada no decurso da vida presente. No futuro, em anos, séculos ou milênios, não importa o tempo, porque este é contado de forma diferente de acordo com o OBJETO, SER, DESEJO e EVOLUÇÃO de cada coisa, quer seja de espécie humana ou não. Acho, por análise, que esta contagem deverá cessar quando estivermos integrados na ETERNIDADE. Isto é óbvio porque na eternidade não existe tempo nem espaço mensuráveis!... (Por favor, não confundir a Eternidade a que me refiro com a que se diz: "Partiu para a Eternidade; foi para a vida Eterna", referindo-se à morte de alguém). Estar integrado na Vida Eterna é fazer parte e já estar muito além das nossas parcas compreensões, dos nossos limitadíssimos conhecimentos. Vou ter que parar esse assunto para não chocar ou gerar polêmicas, já que estas assertivas não fazem parte desta instrução. Desculpem-me.
De forma que, pelo exposto, se chega à conclusão de que devemos empregar todos os esforços possíveis e imagináveis para mudar urgentemente o que existe em nós, gerando novas perspectivas cujas serão sempre mutáveis, porque assim estaremos cooperando com a evolução de TUDO e de TODOS. Não devemos permitir que a indolência e as doentias COMODIDADES pessoais sufoquem nosso progresso. Sejamos, pois, criaturas DESPERTAS em busca permanente da evolução!