Por Ischaïa, Matriarca Expectante
Existe entre nós expectantes uma prática cujo ensinamento é “Colocar no cabide”. Situação sem solução no momento, ou seja, pôr em espera, pausa, meditar.
Mestre Sevãnanda, 2º Patriarca, quando tinha que dar uma resposta ou tomar uma resolução que necessitava de cuidadosa reflexão dizia que "ia colocar no cabide", ou aconselhava essa atitude a seus seguidores.
No meu humilde entender, já que não tive contato direto com o Mestre e, sim, com seu sucessor e discípulo Thoth, aprendi durante longa convivência com o 3º Patriarca que colocar uma questão no cabide não significa pendurar em algum lugar no éter e esperar que os Mestres um dia cheguem ao nosso ouvido e digam: "faça assim, faça assado".
Não. Ninguém coloca uma roupa no cabide e espera que ela sozinha saia de lá. Se está apertada, você de vez em quando dá uma olhada, prova, isso depois de ter feito algo para que ela caiba de novo. Se está precisando de conserto, vá lá e tente consertá-la. No cabide, esquecida, nada acontecerá. Parece lógico, não?
Para mim, colocar no cabide significa não tomar decisão no calor do momento, não decidir algo levando em conta seu estado emocional favorável ou desfavorável. É deixar passar. É pendurar o problema no cabide do seu julgamento sem julgar, e então ver com os olhos do bom senso, do amor impessoal, com humildade, com empatia, e então retirar do cabide o problema e dar a ele um destino bom, útil, ou, se for o caso, descartá-lo de maneira também harmônica, sem trazer sofrimento ou problemas a terceiros.
Colocar uma questão no cabide e deixar para lá é uma situação muito cômoda, é se eximir de tomar uma atitude e, qualquer que seja o resultado, livra-se da responsabilidade.
Portanto, vamos ler nas entrelinhas e entender que colocar no cabide é uma atitude corajosa e dinâmica de pensar, analisar e refletir, procurando sentir e perceber o recado que de um jeito ou de outro virá.