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A Amizade

A Amizade

Por Thoth, 3º Patriarca Expectante.

Ó, quão difícil é dar o verdadeiro sentido, a elasticidade necessária e o merecedor valor que esta palavra requer:

A m i z a d e!

Dentro do esquema, da maneira de pensar e agir do ser humano referente à amizade, há várias controvérsias, interpretações e procedimentos de variadíssimas formas, desde as mais elevadas às mais sofisticadas ou estapafúrdias possíveis.

Lamentavelmente, como sói acontecer, as criaturas mantêm, às vezes, as suas amizades ligadas aos seus interesses próprios, interesses pessoais, a fim de poder ter mais amplitude na satisfação dos seus desejos e manter o possível “status” para sua projeção social, e sempre com vistas na parte econômica e financeira. Em outras palavras: A amizade é o veículo do qual se lança mão para usufruir a possibilidade de abrir os caminhos, abrir as portas, objetivando a projeção material do ser. Isto a meu ver é um procedimento soez.

Ora! Alguns irão protestar dizendo ser isto um absurdo, uma inverdade etc.

É um direito que se lhes assiste. Mas, eu lhes darei a seguinte resposta:

A amizade propriamente dita é uma das pequenas manifestações do amor. De menor imensidade ou intensidade, mas não deixa de ser uma parcela do AMOR.

Em prosseguimento à contestação acima, pergunto: Serão capazes de tolerar e aceitar um deslize, uma falha, um erro, às vezes, involuntário, que por ventura surgiu entre seus amigos e vocês? Será possível exercitar a renúncia, o perdão onde surgiu algo que lhes feriu as suscetibilidades? Eu acho que não. Mil vezes não, porque aquele que se sentiu ferido jamais deixa de ter mágoa, não esquece e sempre tem algum sentimento de revolta íntima.

Ora! Sendo assim, a estrutura de uma amizade que se mantinha há anos muitas vezes é fragorosamente desfeita, destruída, “sem mais aquela”, e tudo imediatamente rui por terra. Não se importando, as pessoas, às vezes, com aquilo que elas receberam ou deram em troca, no decurso de anos após anos enquanto se julgavam amigos.

Se de fato é esse o procedimento, torno agora com outra pergunta: Onde está a pretendida e vivida AMIZADE de antanho? Daquele passado em que tudo era róseo? Onde as águas corriam placidamente em seu leito arenoso, sem as PEDRAS da perfídia pretendendo barrar-lhe a passagem?...Tudo desmoronou ao leve sopro de uma simples contrariedade!... Que fragilidade!...

Chega aqui, agora, o momento de situar as coisas. Vejamos:

O que se sentia era uma amizade real? Ou simplesmente a sequência de uma vivência interesseira, social? Ou ainda uma estudada e pretendida maneira de aplicar a amizade?...

Eu acho que quando realmente se é amigo, as falácias, as mentiras e intrigas proporcionam desentendimentos momentâneos, que só deveriam servir para alicerçar cada vez mais a amizade, solidificando-a de maneira tal, que os embates tempestuosos de ventos maléficos, Lucíferos, não dariam para estremecer os pilares feitos de AMOR, devendo ser sempre a constituição de uma REAL AMIZADE.

Ser amigo, na expressão lídima do termo, é sacrificar-se, é doar-se, e não deixar ser levado a olvidar este sentimento nobre que, na realidade, é sinônimo de AMOR e que nesta forma singela se manifesta entre as criaturas humanas.

Quantas e quantas vezes entro em conjecturas quando vejo que há pessoas que se propõem a fazer isso ou aquilo e, no entanto, pela inércia, falham, e, ao falharem, jogam a culpa de sua incapacidade, de sua falta, sobre aquele que, muitas vezes, tanto lutou para dar-lhe a oportunidade de realizar-se...

E em muitos casos a causa foi ferir os interesses financeiros, ou outros, e por isso lá se vai mais uma amizade água a baixo.

Como se vê, há sempre o interesse de algo que se movimenta, que se oculta atrás de uma superficial AMIZADE. Acredito que com tudo isso que foi dito, eu tenha respondido, se não no todo, pelo menos em parte, a sua contestação. Bem, pelo menos tentei fazer a luz...

E para que entendam e sintam mais ainda o que realmente é a amizade, peço vênia para trazer à baila as palavras ditas na dissertação do amado Mestre, Nosso Senhor Jesus-o-Cristo. Ei-las:

...“Que é, pois, o AMOR, sentimento que vive e reina como um soberano na alma humana? Eu o defino como o laço invisível que as une, até pô-las na mesma tônica em sua vibração no pensar e no sentir. E uma das vezes se chama AMIZADE. E é uma virgem pura que se veste de madressilva. Seu coração, que se abre como um lótus em águas serenas, não albergou jamais a falsidade, a deslealdade e a mentira. Comparte a dita dos infelizes e enxuga o pranto dos que choram. Que tesouro pode comparar-se ao tesouro de uma AMIZADE LEAL, sincera, manifestada através de abnegação e ternura, que irradia luz de uma vela nas trevas e ilumina nossos passos nas horas das vacilações e de incertezas? É a AMIZADE um cristal de águas marinhas no prisma do AMOR, é um zéfiro azulado, límpido como estrelas em noite serena, é confidência alentadora, o aplauso sincero, o conselho sábio e oportuno em momento de ofuscação, a mão suave que aparta o escolho (obstáculo), deixa limpo o caminho e assinala o oásis ao peregrino do deserto”...

Que belo! Um poema maravilhoso, impregnado com fragrância de AMOR!...

Eis o retrato da amizade. Ela é, na realidade, um degrau importante na nossa escalada para atingir o pleno AMOR. Porém, para obtê-la é preciso praticá-la, senti-la e vivê-la em todos os instantes de nossas vidas.

Quem não sabe ter e conservar uma amizade não está preparado para ter AMOR...

Acho que a amizade bem aplicada, uma amizade real, enaltece, enobrece o ser humano. A amizade mal concebida e dirigida o embrutece de tal forma, que chega, às vezes, até a vilania, levando as criaturas para o charco pestilento das paixões humanas.

Se vocês querem saber se realmente têm amigos, deixem que lhes falte o fogo no fogão, e que as panelas estejam vazias. Neste momento saberão quantos irão oferecer um palito de fósforo!... Oh! Dor... Que decepção! Só sabem o que isto vem a ser aqueles que já o viveram...

Entretanto, se alguém quiser fazer uma autoanálise, faça-a, mas peço que, em caso de alguma dúvida, procure julgar, procure decidir sempre contra si mesmo, pois é muito fácil incorrermos em erro quando se trata de julgar-se. Achamos sempre que a culpa é dos outros e não nossa. Esta observação é muito importante e devemos pô-la em prática. Já que dentro da Igreja Expectante a base fundamental de todo estudo está na prática, pois sem ela nada se faz, não há um verdadeiro progresso. As portas da Igreja Expectante estão sempre abertas a todos os sofridos, aos decepcionados, cansados de ouvir, mas não realizados, dando-lhes a oportunidade para se reestruturarem por meio de suas práticas e ensinamentos, militando no dia a dia de sua própria existência até atingir a PLENA CONSCIÊNCIA de si mesmo (como isto é difícil). E quando se chega a esse ponto, passa-se a ter uma AMIZADE  POR TUDO e por TODOS.

Sendo a AMIZADE uma das sementes do AMOR, ela só germina viçosa quando cuidada, e só se tornará árvore frondosa através da vivência cheia de dedicação, abnegação e muita renúncia.

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